Uma história de vida simples e feliz que preparou o menino de Barra do Piraí para uma missão de Natal

Como teria sido a infância de Papai Noel?

Foto: Divulgação / Vale Sul Shopping

Alguém já perguntou como foi a infância do Papai Noel e como era o Natal antes dele existir? Para desvendar este mistério, resolvi conversar pessoalmente com ele!

Foi então que descobri que ele é brasileiro, nasceu em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro (e por isso tem um sotaquezinho puxando o “s”), sabe ouvir as pessoas e entende como ninguém, o que faz o Natal de uma criança feliz: ter vivido uma história inesquecível, por mais humilde que seja a vida. E o nosso Papai Noel se chama: Laudení de Souza

A infância

Aquele Natal era para ser diferente... Isso porque na casa da família agora havia laje... ela tinha acabado de ser colocada. Muito da obra ainda precisava se feito, mas agora a moradia estava mais segura.

Com esta etapa vencida, Seu Dorvalino teve um dinheirinho a mais para comprar um sofá e abastecer a cozinha para que - enfim - a família tivesse uma Ceia de Natal. “Naquele tempo as coisas eram muito apertadas, com pouco dinheiro mesmo. Aí neste ano, pensamos: poxa... agora vai ser diferente”, lembra Seu Laudení, o mais velho dos quatro filhos de Dorvalino.

“Ele comprou frango, comprou peru... e a gente nem tinha forno direito pra assar. E comprou também todas aquelas coisas que a gente gostava de comer: até uva e maçã tinha”, relembra Seu Laudení.

“Brinquedo até que a gente não ligava muito não... às vezes ficava triste porque os filhos dos vizinhos que trabalham numa companhia industrial em Barra do Piraí ganhavam e na empresa que meu pai trabalhava não tinha... mas não ligava muito não porque a questão de ter uma comidinha melhor no Natal já era um presente”.

E no dia 23 de dezembro, a mãe do Seu Laudení colocou as aves para temperar e deixar tudo pronto pra Ceia. Mas o que a família não esperava era que no dia seguinte haveria uma surpresa: “No dia 24 de manhã chegou uma parentada do meu pai que morava em São Paulo, mais seis pessoas e eu pensei... puxa vida, quando tava tudo apertado ninguém vinha e neste Natal que tava mais folgado apareceu um tantão de gente! Eita pessoal adivinhão”, lembra aos risos Seu Laudení!

O resultado da visita inesperada foi: Na véspera de Natal, acabou tudo o que o pai tinha comprado! “E a intenção era que ficasse alguma coisa para o Ano Novo... que nada! Mas foi legal, porque há muito tempo que a gente não se via e aí ficou todo mundo junto comemorando!

Alma de Papai Noel

Ter em sua essência o verdadeiro sentido do Natal (família reunida, mesa farta a ser compartilhada e fazer das dificuldades aprendizado e enredo de uma boa história de vida para contar), certamente contribuíram muito para que Seu Laudení e a esposa Márcia aceitassem o convite para serem Papai e Mamãe Noel em um dos maiores shoppings de São José dos Campos, cidade onde a família vive há muitos anos. Ocupando o trono das figuras mais ilustres do Natal de 2024, o casal recebe carinho do público que visita o Centro de Compras e ainda, escuta confidências de quem quer apenas ser feliz nesta data.

Pedidos do coração

Estes são alguns depoimentos ouvidos por Seu Laudení e a esposa Márcia enquanto conversavam com crianças e até adultos. Pedidos que vão muito além de presentes materiais... são presentes para a vida:

“Queria que meu pai fosse solto neste Natal”

“Quero um emprego para meu pai...”

“Eu não quero nada porque já tenho tudo”

“Só quero saúde para minha mãe”

“Queria que tudo fosse como antes, com a família reunida”, finaliza uma senhora ao ouvido do Papai Noel...

Segundo Seu Laudení e Márcia (ou Papai e Mamãe Noel), a função assumida por eles até o dia 24 de dezembro, vai muito além da fantasia, do aconchego do abraço, do sonho...

“Temos que estar preparados para ouvir e acolher, porque pode parecer difícil, mas todo pedido feito de coração pode sim ser realizado”, diz emocionada Márcia Cunha.

De volta à missão

O casal Laudení e Márcia depois de cumprirem a missão de Papai e Mamãe Noel

E assim que passar o Natal, Papai e Mamãe Noel voltarão a exercer mais uma importante missão de suas vidas: tornar cada vez mais conhecida e respeitada a cultura do Jongo, herança do pai - Mestre Dorvalino - deixada ao Mestre Laudení e sua família.

Fundado em São José dos Campos por Seu Laudení, o grupo de Jongo Mistura da Raça tem suas origens em Barra do Piraí, onde ainda mora parte da família. A Iniciativa, que tem como base a identidade cultural afro-brasileira, promove o fortalecimento de uma das manifestações culturais mais importantes da região do Vale do Paraíba.

Quer saber mais? Então assista ao documentário que faz parte da pesquisa do "Projeto Museu Vivo", do Museu do Folclore de São José dos Campos, em parceria com a Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR).