CTG Saudades da Querência: um cantinho gaúcho em terras joseenses

Era noite de “mateada” quando fui apresentada ao CTG Saudades da Querência. O encontro informal reúne apreciadores de um bom mate é comum no Centro de Tradições Gaúchas de São José dos Campos e se tornou um pedacinho do Rio Grande do Sul no Vale do Paraíba. Idealizado para manter vivos os costumes, a história e o respeito à herança cultural, é lá que os filhos ausentes matam a saudade da terra natal e transmitem aos descendentes o orgulho de serem gaúchos.

Logo que cheguei, fui recebida pelo Patrão Antônio Rodrigues dos Santos, que assumiu a missão de capitanear o CTG pelos próximos dois anos. Todo pilchado (vestido com o traje típico gaúcho), o anfitrião me apresentou sua esposa, a Patroa Patrícia Inocêncio Duarte e suas duas Prendas Mirins, as filhas Marianna e Maria Victoria.

História do CTG

 A sede própria começou a ser construída em 2023 no Parque Industrial, região sul da cidade. O novo galpão tem quase 1 mil m2 de área construída e, apesar da obra ainda estar em andamento, o local já conta com palco, pista para os tradicionais bailes gaúchos, museu tradicionalista, cozinha, espaço especial para preparo do famoso churrasco fogo de chão, bolicho (local para venda de bebidas e outros itens) e até enfermaria.

O Centro de Tradições Gaúchas Saudades da Querência foi fundado em 18 de maio de 1986, e durante anos esteve localizado no bairro Torrão de Ouro, à margem da Rodovia dos Tamoios, sentido litoral norte. Entre as heranças mais estimadas da sede antiga está o quadro de 2,60 metros de altura por 8,20m de comprimento, pintado pelo professor e artista plástico Celso Dal Belo, que resolveu também presentear o novo espaço com uma outra obra, de mesmo tamanho. Ambos os quadros representam o cotidiano, a cultura e a lida do povo gaúcho.

A Patronagem

Em um Centro de Tradições Gaúchas, a “Patronagem” administra e responde pela entidade, que não tem fins lucrativos. Além do Patrão e da esposa (que passa a ser chamada de Patroa), a diretoria é composta por outros cargos, como em qualquer outra instituição, mas que em um CTG têm nomes peculiares, como o vice que é chamado de 1º Capataz e o Secretário, denominado 1º Sota Capataz. Além do quadro executivo, o organograma é composto pelo Conselho de Vaqueanos (que assessora o administrativo), Conselho Fiscal e Conselho de Ex-Patrões. Cada diretoria é eleita para um biênio.

 Traduzindo o “gauchês”

Bah: Interjeição que exprime surpresa, admiração, reprovação

Baita: Muito grande, enorme

Cacetinho: Pão francês

Chiar: Reclamar, emitir chiado

Chinelagem: Baixaria

Cusco: Cachorro sem raça definida

Esgualepado: Sem movimento, cansado, exausto

Lagartear: Deitar, sentar

Peleia: Briga, luta, combate

Pila: Dinheiro

Sinaleira: Semáforo

Trovar: Paquerar, conversar

 Fonte: https://conteudo.sesc-rs.com.br/girias-gauchas/

 “Nosso galpão existe para preservar os costumes gaúchos e também para manter vivos os valores da família, o respeito aos mais velhos e à história. Temos aqui desde crianças de colo até os maiorzinhos de 90 anos”, brinca o Patrão Antônio Rodrigues de Souza, que ainda muito jovem saiu do Rio Grande do Sul para viver em São José dos Campos.

A Patroa Patrícia lembra ainda que as festas, bailes e jantares dançantes reúnem todas as gerações, justamente para incentivar a convivência e a troca entre elas. Tudo isso ao som dos ritmos tradicionais gaúchos, trajes típicos, chimarrão e muita alegria.

O CTG Saudades da Querência tem hoje aproximadamente 80 sócios, nascidos em terras gaúchas, seus familiares e também apaixonados por esta cultura. Quem quiser conhecer o espaço (que é “tri legal”!) e ainda participar de um bailão, pode seguir a instituição nas Redes Sociais: @ctgsaudadesdaquerencia

 A todos vocês, um baita abraço!